Segue aqui trechos de um entrevista publicado na Gazeta do Povo que pode ser um bom auxílio aos pais e educadores.
Fim de ano é tempo de refletir sobre nossas atitudes e melhorar o que não está legal. Nunca é tarde para retomar o aprendizado das virtudes humanas
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No caminho do bem
As virtudes podem ser entendidas como a prática de hábitos que levam o ser humano para o bom caminho, uma “disposição adquirida para fazer o bem”, segundo o filósofo grego Aristóteles. Também chamadas de virtudes cardeais, elas são a temperança, a fortaleza, a justiça e a prudência. Na explicação do doutor em Educação pela UFRJ, João Malheiro, estes quatro pilares brotam dos motores que determinam as escolhas do homem: afetividade, vontade e inteligência, sendo a primeira a mais forte de todas. “A afetividade tende a determinar todas as escolhas que fazemos, e isso é perigoso, porque fazer apenas o que se gosta sem refletir contraria a condição humana da inteligência, aproximando-nos dos animais”, aponta Malheiro, que também é autor do livro Ética e Educação. Segundo ele, hoje a educação das crianças não está mais sendo orientada para tais valores, especialmente os da temperança e da fortaleza, que formam a base do indivíduo. O resultado é um retardamento da adolescência e pessoas que chegam à fase adulta sem qualquer maturidade emocional para agir com prudência e justiça.
Mas o que fazer para ser uma pessoa virtuosa e desfrutar a vida em sua plenitude?Acompanhe a seguir o que diz cada uma das virtudes cardeais e como elas podem ser aplicadas no dia a dia. Lembre-se que, segundo o filósofo grego, as virtudes se aperfeiçoam com o hábito. Neste caso, o jeito é colocá-las em prática o quanto antes.
Temperança
“Para ser grande, sê inteiro. Nada teu exagera ou exclui.” Este verso de Fernando Pessoa diz muito sobre a virtude da temperança. Espécie de regulador dos prazeres e instintos sensíveis do homem, a temperança é a nossa capacidade de lidar com os limites. Uma pessoa temperada não se atira aos prazeres da vida descontroladamente, co

O filósofo e professor Carlos Ramalhete aponta que a temperança situa-se entre a restrição exagerada e o prazer ilimitado. “Perceba que, hoje, vivemos a cultura do exagero, com pessoas obesas de um lado e anoréxicas de outro”, lembra o professor. Portanto, alcançar um equilíbrio em todos os aspectos da vida é o grande desafio das pessoas virtuosas.
Fortaleza
Quantos casais que você conhece continuam juntos por mais de cinco anos? Provavelmente não são muitos e isso pode ser um reflexo da ausência de fortaleza, virtude relacionada à paciência, tolerância e à nossa perseverança

João Malheiro sugere que há um egoísmo mútuo entre amigos, namorados e cônjuges atualmente, e lembra que 60% dos casais de classe média carioca estão separados. “As pessoas não são educadas para amar. A afetividade está orientada em um eu insaciável que só se contenta com bens materiais. Mas as pessoas não se dão conta disso porque seu lado espiritual anda adormecido.”
Justiça
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João Malheiro conta que a noção de justiça se desenvolve na adolescência, quando o jovem começa a descobrir o outro. “É nessa fase que formamos nossos amigos verdadeiros, porque na infância as amizades são estabelecidas de forma natural.” O problema é quando os amigos ficam restritos às redes sociais, como Orkut e Facebook, porque a justiça se aprimora pela convivência entre grupos e, segundo o professor, o meio virtual oferece uma falsa impressão de amizade. Carlos Ramalhete reconhece que o valor da justiça é conturbado na adolescência porque nessa etapa da vida o jovem está se descobrindo como indivíduo justamente pela negação da alteridade. “O adolescente é injusto ao lidar com o outro, a menos que este outro seja a cópia idêntica dele”, afirma.
Prudência
À primeir

Publicado em 27/12/2009 | Mariana Sanchez - arianab@gazetadopovo.com.br